Marina Costa de Oliveira
A população da Freguesia da Franca (Capitania de São Paulo – Brasil): transformações e adaptações 1800-1820.
No início do século XIX, ocorreu a efetiva ocupação populacional na região nordeste da Capitania de São Paulo, parte integrante dos domínios da América portuguesa. O território que antes dava lugar aos índios Kayapó, depois escassamente povoado no século XVIII pelos “paulistas” que se fixaram às margens da Estrada do Goyazes, foi gradativa e sistematicamente ocupado por populações oriundas da Capitania das Minas Gerais, configurando no início do século XIX a área da Freguesia de Nossa Senhora da Conceição da Franca. Devido à expansão das atividades econômicas da Comarca do Rio das Mortes (ao sul de Minas Gerais) que atingiu o nordeste paulista, terras ocupadas principalmente pelos “mineiros”, passaram a integrar a rede de abastecimento interno do centro-sul da colônia, com a produção de gado e de alimentos.
O objetivo deste trabalho é demonstrar a dinâmica da efetiva ocupação do território da Freguesia da Franca, entre os anos de 1800 a 1820, não somente pela constatação do crescimento populacional, mas, inclusive, pela caracterização dos “fogos” dos proprietários e não proprietários de escravos, pelas transformações dos vínculos entre senhores e agregados e pelo aumento da escravaria.
O avanço da pesquisa consiste em utilizar os recursos da demografia histórica, com a intenção de conhecer a dinâmica de uma população de migrantes, a sua diversificação no decorrer do tempo, as transformações, adaptações e permanências do perfil populacional, além das práticas econômicas que viabilizaram tanto a permanência quanto a movimentação das pessoas. Portanto, não se propõe conhecer o retrato de uma população em determinado momento histórico, mas especialmente a sua dinâmica interna.
Além da bibliografia pertinente, foram computadas as listas nominativas realizadas no período, que proporcionam atingir os objetivos expostos, a partir de análises demográficas e quantitativas, bem como percorrer histórias de famílias que também possibilitam análises qualitativas.