Thales Pereira (Universidades Federal do Rio Grando do Sul, Brasil)
Ildo Lautharte Jr (Universidades Federal do Rio Grando do Sul, Brasil)
O charque foi o principal produto de exportação do Rio Grande do Sul durante o século XIX. Sendo o principal alimento dos escravos que trabalhavam na zona cafeeira no centro do país, sua demanda estaria assegurada enquanto a escravidão perdurasse. No entanto, a partir da década de 1850, a sobrevivência da indústria já era questionada, principalmente devido à concorrência uruguaia e argentina. A historiografia tradicional atribui à causas internas essa falta de competitividade, como a utilização de mão-deobra escrava em contraste com o uso de trabalhadores assalariados pela indústria platina, que seriam mais eficientes. O objetivo do presente trabalho é testar essas hipóteses e verificar quais foram os fatores que levaram ao declínio das charqueadas no sul do Brasil. Argumentamos que fatores internos são insuficientes para se compreender esse fenômeno, e que causas externas, resultantes da maior integração dos mercados a partir de 1850, resultaram na incapacidade da indústria gaúcha de concorrer com mercados externos. As tentativas de protecionismo que ocorreram a partir de 1845 foram insuficientes para barrar fatores exógenos que levaram ao aumento do preço do produto em relação a seus concorrentes e a sua redução da demanda ao longo do tempo.