Márcia Volkmer(Universidade Federal do Rio Grande do Sul/ Brasil. Bolsista Capes.)
A partir de meados do século XIX, quando acontece a abertura dos rios da Bacia Platina para a navegação internacional, os contatos e fluxos comerciais entre a região do oeste da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul e os portos de Buenos Aires e Montevidéu institucionalizam-se e intensificam-se. Esse processo acaba por promover o desenvolvimento comercial das pequenas vilas fronteiriças e habilitando uma rede de fornecedores, transportadores e comerciantes ao longo de toda a região integrada pelo rio Uruguai. O presente trabalho, ao enfatizar o comércio realizado nos portos de Uruguaiana, Itaqui e São Borja, pretende caracterizar as rotas das mercadorias, o sistema de transportes e serviços que interligavam a região fluvial platina e os atores envolvidos no processo. A partir da análise dos registros da Alfândega de Uruguaiana e de processos de ordem diversa como ações ordinárias, processos de falência, registros de notas e dos inventários e testamentos reconstitui-se o intenso fluxo de mercadorias e pessoas que conferiram dinamismo aos vínculos comerciais que já existiam desde o período colonial. A intensificação da exportação da erva-mate, proveniente do Brasil e do Paraguai, e consumida nas províncias argentinas, terá participação fundamental e decisiva nos negócios realizados na região. O rio Uruguai conectará uma série de praças comerciais inter-regionais e permitirá a ligação direta desses portos ao comércio internacional. Nesse sentido, se caracteriza uma região sócio-econômica a partir das relações estabelecidas entre os seus habitantes e dos fluxos promovidos pelas embarcações que deram vida e dinamismo ao Rio Uruguai ao longo da segunda metade do século XIX.
