Políticas públicas e transporte fluvial no Tocantins Paraense

Ponencia Almeida

José Jonás Almeida (Colégio Almeida Júnior)

No início da década de 1970, o governo brasileiro iniciou uma série de intervenções na Amazônia Oriental, sob o pretexto de promover a ocupação e o desenvolvimento daquela região. Além da abertura de estradas de rodagem, tivemos os chamados Grandes Projetos, sobretudo na área de mineração, com destaque para a exploração das reservas de ferro na Serra dos Carajás, no sul do Estado do Pará. Na época, Carajás localizava-se na área do município de Marabá, conhecido então como o maior produtor e distribuidor de castanha-do-pará daquele Estado. Esta mesma cidade deveria ser um centro de apoio para o chamado Projeto Ferro, motivando uma série de mudanças em sua área urbana. Ao mesmo tempo, a construção da hidrelétrica de Tucuruí, a abertura de novas rodovias, como a Transamazônica e a opção pelo transporte ferroviário para o transporte de minério de ferro, encerraram a fase da navegação comercial no rio Tocantins, no trecho entre Marabá e Belém. As origens da mesma remontam à primeira metade do século XVII, no início da ocupação da Amazônia, propiciando uma grande experiência acumulada por parte de barqueiros e marítimos na transposição dos trechos encachoeirados daquele rio, aperfeiçoados com a introdução da navegação a motor já na fase do extrativismo da borracha (caucho) e no ciclo econômico da castanha-do-pará, a partir da década de 1930. Relatos e memórias daqueles que viveram esse período áureo da navegação permitem reconstituir as dificuldades que foram superadas no transporte da castanha até Belém, que movimentava uma atividade mercantil que ligava o sudeste do Pará com o Maranhão, com o norte do antigo estado de Goiás (hoje Tocantins) e também com Mato Grosso através do rio Araguaia. Por meio da navegação foi promovida a ocupação de uma vasta área e da abertura de várias frentes de expansão tendo o extrativismo da castanha e o garimpo de diamantes como atividades importantes. Nossa exposição pretende caracterizar essa fase e os impactos das intervenções promovidas pelo governo brasileiro, que encerraram uma etapa da navegação fluvial que propiciou a ocupação e o povoamento da Amazônia Oriental. Em função das políticas públicas promovidas nos últimos quarenta anos, o transporte rodoviário, em que pese o seu alto custo, tornou-se padrão na região, da década de 1970 até os dias de hoje.

Palavras chave: Políticas Públicas – navegação fluvial – rio Tocantins – Amazônia Oriental.