O Estado na promoção da Tecnologia da Informação e Comunicação

Solange Gomes Leonel (UFMG/ Cedeplar)

Sylvia Ferreira Marques (UFMG/ Cedeplar)

A contribuição dos ambientes inovadores para o desenvolvimento econômico pode ser comprovada pela capacidade dos sistemas nacionais de inovação de incorporar os avanços tecnológicos aos processos produtivos. Os países que geram os produtos e processos mais avançados tecnologicamente são exatamente aqueles que investiram em uma boa infra-estrutura educacional, técnico-científica e produtiva. O progresso tecnológico das nações é, portanto, impulsionado por um arranjo complexo de instituições.

Diante desse contexto, o objetivo desse artigo é discutir o papel do Estado na emergência de novos paradigmas tecnológicos, em especial na origem da quinta revolução tecnológica – Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC). O Estado irá atuar: i) na construção do sistema nacional de inovação que irá articular as instituições mercantis e não mercantis que sustentam a origem e a difusão do progresso tecnológico; e ii) na articulação de um arranjo institucional voltado para o bem estar social, em especial, aqueles que melhoram a distribuição da renda e criam mercado para produtos de alto conteúdo tecnológico.

À luz da teoria, o artigo se baseia nas literaturas evolucionária e cepalina. A primeira contribui com a descrição do progresso tecnológico como a força motriz do desenvolvimento e o papel-chave desempenhado pelo sistema nacional de inovação nesse processo. A segunda discute à adequação da tecnologia e as condições estruturais de acesso e absorção do progresso técnico na superação do subdesenvolvimento. O artigo parte ainda de uma abordagem institucionalista que reconhece que o processo de superação do subdesenvolvimento depende, além das instituições, de características históricas singulares. Não rejeitando, contudo, a possibilidade de generalização de certas regularidades encontradas nas diferentes trajetórias de catching up de sucesso ao longo da História.

Neste sentido, o artigo sustenta que a diferença no nível de desenvolvimento das economias se deve à diferença no nível de maturidade do sistema nacional de inovação e do sistema social de bem estar apresentado pelos países. Para isso, o artigo traça um paralelo entre a emergência da TIC nos Estados Unidos, o processo de catch up da Coréia do Sul e o posicionamento do Brasil na quinta revolução tecnológica. Em sua parte final, o artigo apresenta reflexões sobre as condições brasileiras para superar o subdesenvolvimento e realiza inferências sobre a capacidade do Brasil em ainda conseguir surfar na onda da Tecnologia da Informação e Comunicação.